Não é incomum ouvirmos de um analisando o relato de um trauma ou situação especialmente difícil sem que ele apresente o afeto correspondente: se emocione, demonstre tristeza, chore, mude o tom de voz, etc. É como se estivessem narrando um filme ou algo que aconteceu com outra pessoa. Alguns até sorriem enquanto nos contam.
Esses pacientes possuem o que chamamos de “pensamento operatório”, um pensamento estritamente racional e desprovido de qualquer sentimento.
Isso é obviamente uma defesa contra algo que ainda não foi simbolizado e que ainda ameaça seu psiquismo. Os sujeitos que apresentam esse tipo de discurso têm tendência especial para somatizar. Desligam o afeto e a única saída possível se torna o corpo.
É um lembrete que serve para avisar que nada desaparece. É impossível fazer um sofrimento desaparecer, por mais que, conscientemente, nunca mais se pense nele e se tenha até esquecido. O esquecimento, nesse caso, é sintoma. Nada dentro de nós se perde, a gente é que pode se perder por não atentar ao que fala nosso inconsciente.